Vulnerabilidade dos sistemas aquíferos
O entendimento da vulnerabilidade dos aquíferos é fundamental a sua proteção. Conceitos e formas de vulneravilidades
Mário Marcelino, Dr.
7/25/20253 min read


Vulnerabilidade dos Sistemas Aquíferos
A composição química das águas subterrâneas nos sistemas aquíferos depende dos processos que ocorrem enquanto a água permanece no subsolo, das substâncias químicas presentes (orgânicas e inorgânicas), das formas de transporte dessas substâncias e da composição original da água no momento da infiltração. Esses processos químicos são fortemente influenciados pelo ambiente onde acontecem.
Entre os principais processos que controlam a composição da água estão: dissolução de gases, reações ácido-base, solubilidade e precipitação, complexação-quelação, reações de oxidação-redução, adsorção e troca iônica.
Nos sistemas aquíferos, distinguem-se dois ambientes hidrogeoquímicos:
a) Zona Não Saturada
Localizada entre a superfície do terreno e o nível do lençol freático, onde a água infiltra-se principalmente em movimento descendente, embora possa ocorrer também movimento ascendente ocasionalmente. Ao infiltrar-se no solo, a água vai se enriquecendo com elementos lixiviados das rochas e do solo, além de produtos da superfície.
Essa zona, caracterizada por fluxo lento e condições geralmente aeróbicas e alcalinas, tem alto potencial para interceptar, sorver e eliminar bactérias, além de favorecer reações químicas com substâncias inorgânicas e a biodegradação de compostos orgânicos. Portanto, a zona não saturada é a primeira e mais importante barreira natural contra a contaminação das águas subterrâneas.
b) Zona Saturada
Localizada abaixo do nível do lençol freático, onde a água está acumulada nos poros das rochas, com predominância de fluxo horizontal. Quando um poluente atinge essa zona, ele se move horizontalmente, formando uma pluma ou nuvem de contaminação.
Os principais fatores naturais que influenciam a química das águas nessa zona são: o ambiente geológico, a composição e o volume de água, o tempo de trânsito da água, as características climáticas locais e as reações químicas e biológicas que ocorrem.
Conceito de Vulnerabilidade dos Aquíferos
O termo "vulnerabilidade" para sistemas aquíferos ainda não possui uma definição única, mas foi inicialmente introduzido por Margat (1960) para descrever as características dos aquíferos relacionadas à contaminação da água subterrânea.
Segundo Rebouças (1994), vulnerabilidade é a suscetibilidade do aquífero à ação de fontes contaminantes. Ela pode ser entendida como a combinação de dois fatores principais:
Fatores Intrínsecos – características naturais do aquífero, como composição mineralógica, porosidade, permeabilidade, taxa de infiltração, espessura da zona não saturada, volume e velocidade do fluxo da água, que determinam a facilidade de acesso e a capacidade do aquífero de atenuar contaminantes.
Fatores Antrópicos – carga poluente presente, incluindo concentrações, extensão e duração das fontes de poluição, que podem ser influenciadas por variações climáticas sazonais.
Por que proteger os sistemas aquíferos?
Fonte essencial de água potável: Os aquíferos abastecem grande parte da população com água de qualidade. Se contaminados, tornam-se impróprios para consumo sem tratamentos caros e complexos.
Recuperação lenta e difícil: Diferente de rios e lagos, a descontaminação dos aquíferos é muito demorada, pois a água subterrânea se move lentamente, e a remoção dos poluentes é tecnicamente complexa e economicamente inviável na maioria dos casos.
Manutenção de ecossistemas: Muitos rios, nascentes e áreas úmidas dependem diretamente do fluxo subterrâneo para se manterem equilibrados e sustentáveis.
Segurança hídrica para agricultura e indústria: A água subterrânea é fundamental para irrigação e processos industriais, garantindo produção e desenvolvimento econômico, especialmente em períodos de seca.
Prevenção de problemas sociais e econômicos: A contaminação ou escassez da água subterrânea afeta a saúde pública, aumenta custos de tratamento, desvaloriza imóveis e pode inviabilizar empreendimentos.
Reserva estratégica para o futuro: Com o crescimento populacional e as mudanças climáticas, a demanda por água aumenta. Proteger os aquíferos garante reservas para períodos de crise hídrica.
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