Radar de solo

Metodologia geofísica do GPR, como funciona, para que serve.

Mário Marcelino, Dr.

7/24/20252 min read

O GPR (Ground Penetrating Radar), ou Radar de Penetração no Solo, é uma técnica geofísica não destrutiva que utiliza ondas eletromagnéticas de alta frequência para investigar o subsolo. Seu princípio baseia-se na emissão de pulsos eletromagnéticos por uma antena transmissora, que penetram no solo e são refletidos ao encontrarem interfaces entre materiais com diferentes permissividades dielétricas, como solo-rocha, solo-água ou rocha-vazio.

Esses pulsos refletidos retornam à superfície, sendo captados por uma antena receptora. O tempo de retorno é registrado pelo equipamento e, conhecendo-se a velocidade de propagação da onda no meio (que depende principalmente da constante dielétrica dos materiais), calcula-se a profundidade dos refletores. A velocidade típica das ondas eletromagnéticas no solo varia de aproximadamente 0,06 m/ns em materiais úmidos (como argilas saturadas) até 0,15 m/ns em materiais secos ou arenosos. A Figura 1 apresenta o conceito.

Figura 1 - Conceito de funcionamento do GPR

Os dados obtidos são apresentados em forma de radargramas, que mostram as reflexões ao longo de um perfil, permitindo a interpretação de estruturas subterrâneas. A frequência da antena é determinante para o resultado: antenas de baixa frequência (ex: 100 MHz) penetram mais fundo (até 30 m em condições favoráveis) porém com baixa resolução, enquanto antenas de alta frequência (ex: 1000 MHz) têm resolução centimétrica mas penetração limitada (até 1 m, dependendo do solo).

Em comparação com outras técnicas geofísicas:

  • Eletrorresistividade (ERT): utiliza corrente elétrica injetada no solo para medir resistividades, sendo mais adequada para investigações profundas (10 m até centenas de metros) e para caracterizar zonas saturadas, contaminação e interfaces geológicas, porém com menor resolução lateral que o GPR e menor eficiência em identificar objetos pequenos ou rasos.

  • Sísmica (refração e reflexão): usa ondas mecânicas, com alta eficiência em determinar a profundidade do topo rochoso e estruturas geológicas profundas, mas necessita maior logística e não detecta objetos pequenos como tubos ou cabos.

  • GPR: ideal para mapeamento raso (0-10 m), de alta resolução, rápida aquisição e mobilidade, sendo limitado apenas pela condutividade elétrica do solo (ineficiente em solos muito argilosos ou salinos que atenuam rapidamente o sinal eletromagnético).

Exemplos práticos de aplicação do GPR

  1. Geotecnia

    • Detecção de cavidades e solos solapados em regiões cársticas, prevenindo acidentes e colapsos de superfície.

  2. Engenharia civil

    • Mapeamento de armaduras em lajes e estruturas de concreto para projetos de reforço ou reforma.

  3. Meio ambiente

    • Investigação de locais contaminados, delimitando áreas de resíduos enterrados.

  4. Arqueologia

    • Localização de túmulos, fundações e estruturas antigas sem necessidade de escavação prévia.

  5. Infraestrutura urbana

    • Localização de tubulações, dutos, cabos elétricos e redes enterradas antes de escavações.