POLUIÇÃO E CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Saiba mais como funciona a poluição da água subterrânea

Mário Marcelino, Dr.

7/4/20252 min read

Qualquer alteração química, física ou bacteriológica da água subterrânea, de origem antrópica no sistema aqüífero, é denominada de poluição. Quando esta alteração possui potencial de prejudicar a saúde do homem ou dos animais que a consomem, é denominada contaminação.

De acordo com o grau de extensão das fontes potenciais de poluição, estas podem ser classificadas em :

a) Pontuais - de pequena escala e facilmente identificáveis; e

b) Difusas - relativamente dispersas, originadas de outras fontes menores, cujas localizações não são bem definidas.

Conforme a evolução temporal, as fontes podem ser agrupadas em permanentes, intermitentes e acidentais.

A característica química das águas subterrâneas é função dos processos atuantes durante sua permanência no subsolo, das substâncias químicas orgânicas e inorgânicas (elementos e compostos) presentes no aquífero, formas de transporte e composição original da água quando da infiltração. Os processos químicos e suas reações são fortemente influenciados pelo ambiente onde se processam.

Nos aquíferos, distinguem-se dois ambientes hidrogeoquímicos distintos:

1) Zona não Saturada - região situada entre o nível de água e a superfície do terreno, onde a água infiltra em movimento predominantemente vertical descendente. Ao infiltrar no solo, a água passa a se enriquecer em elementos lixiviados das rochas/solo e com produtos da superfície. De uma maneira geral, a zona não saturada, por possuir um fluxo lento em condições geralmente aeróbicas e alcalinas, possui alto potencial de degradação dos contaminantes, envolvendo substâncias inorgânicas e biodegradação de muitos compostos orgânicos, sendo a primeira e a mais importante defesa natural contra a contaminação das águas subterrâneas.

2) Zona Saturada - região situada abaixo do nível de água, onde a água está acumulada nos poros primários e/ou secundários das rochas, com forte dinâmica horizontal. O poluente ao atingir esta zona adquire uma dinâmica horizontal originando uma pluma ou nuvem poluente.

Dentre os fatores naturais que condicionam as características químicas das águas subterrâneas nesta zona, destaca-se o ambiente geológico, composição e volume das águas, tempo de trânsito, características climáticas da região e as reações químicas e biológicas.

REBOUÇAS (1994) resume a vulnerabilidade como sendo a suscetibilidade do aqüífero à ação de uma determinada fonte contaminante. Assim, a vulnerabilidade pode ser definida como sendo a razão de dois fatores básicos:

a) Intrínsecos - características naturais dos aquíferos (composição mineralógica, porosidade, permeabilidade, taxa de infiltração, espessura da zona não saturada, volume, velocidade de fluxo, etc.) que definem a acessibilidade e capacidade de atenuação do contaminante;

b) Antrópicos - a carga poluente existente (concentrações, extensão, permanência dos processos poluidores, etc.) que pode ser maximizada pela sazonalidade climática local.