Poços de Monitoramento

Os poços de monitoramento são dispositivos de engenharia instalados no terreno que permitem o acesso à água subterrânea, possibilitando a investigação direta de sua qualidade e das condições hidráulicas dos sistemas aquíferos.

Esses poços têm como principais funções a coleta de amostras de água subterrânea e a realização de ensaios hidrodinâmicos nos sistemas aquíferos.

Por meio da amostragem da água e de análises laboratoriais, é possível confirmar a presença ou ausência de contaminantes, bem como monitorar a evolução de processos de contaminação e poluição nos aquíferos. O monitoramento da qualidade da água subterrânea possibilita a identificação precoce de possíveis contaminantes, a elaboração de estratégias de mitigação de impactos ambientais e a garantia de conformidade com a legislação ambiental vigente.

Os ensaios hidrodinâmicos realizados nesses poços caracterizam a dinâmica da água subterrânea, definindo sua direção e velocidade de fluxo, entre outros parâmetros.

Onde são usados

Os poços de monitoramento são empregados:

• Na investigação e monitoramento de áreas onde há manipulação de substâncias potencialmente poluentes, como postos de combustíveis e aterros sanitários.

• No monitoramento de sistemas aquíferos, tanto em relação à qualidade quanto às suas características hidrodinâmicas e físicas.

• Em estudos ambientais diversos.

• Em projetos geotécnicos e de engenharia civil, como na construção de barragens, para o controle de cargas hidráulicas, entre outros.

Como são instalados

O poço de monitoramento é uma obra de engenharia que deve seguir diretrizes técnicas de construção, como aquelas definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Para sua instalação, é necessário inicialmente um projeto de locação e construção, considerando a localização das fontes de contaminação e os contaminantes a serem monitorados. Os equipamentos de perfuração devem estar isentos de óleos e graxas, e os materiais construtivos devem ser apropriados aos contaminantes previstos.

A instalação consiste na perfuração do terreno com profundidade e diâmetro adequados aos objetivos do projeto, utilizando equipamentos específicos e, preferencialmente, sem o uso de fluidos de perfuração que possam interferir nas análises. Após a perfuração, instala-se um tubo de revestimento (em aço inox, PVC, entre outros), com seção filtrante posicionada na profundidade desejada para o monitoramento, permitindo que a água subterrânea penetre no interior do tubo.

Entre o filtro e a parede do furo, coloca-se um material filtrante, como areia pré-selecionada, para impedir o ingresso de partículas finas do terreno (argila, silte) que possam turvar a água e prejudicar a qualidade das amostras. Acima do material filtrante, instala-se uma camada selante impermeável, que impede a infiltração de contaminantes superficiais para a seção filtrante. Sobre essa camada, o espaço anular entre o tubo e a parede do furo é preenchido com material do terreno. Na superfície, constrói-se uma proteção física, geralmente composta por uma laje de concreto, que pode ficar ao nível do solo ou proeminente, garantindo segurança e vedação ao poço.

Durante a perfuração para instalação do poço de monitoramento, deve-se realizar uma descrição detalhada dos materiais atravessados, incluindo sua composição, granulometria e a presença de possíveis contaminantes. Ao longo da perfuração, é possível coletar amostras de solo para análises físico-químicas, bem como realizar ensaios in situ.

A composição final do perfil litológico atravessado, assim como as informações sobre a estrutura, medidas e materiais utilizados na construção do poço, devem ser apresentadas em relatório técnico ilustrado, a fim de subsidiar a interpretação dos resultados obtidos nos monitoramentos. A figura acima ilustra um exemplo de perfil de poço de monitoramento instalado.