Parte III - do Quantificação e valoração das ações de investigação de áreas contaminadas por combustíveis fósseis.

Prazos e o modelo EBIC

Mário Marcelino, Dr.

6/29/20253 min read

Dando seguimento a apresentação da pesquisa de doutorado da quantificação e valoração antecipada da investigação e remediação do dano ambiental reversível originado por combustíveis fósseis, defendida na USP, que originou a metodologia EBIC (Estimativa Baseada na Investigação Confirmatória) de estimativa antecipada de custos e prazos para o gerenciamento de área contaminadas (GAC) e possibilita um melhor planejamento na aquisição e gestão de áreas já degradadas, as brownfields, o texto a seguir apresenta os dados médios de remediação e os conceito básicos do modelo EBIC.

Anteriormente, publicamos os dados hidrogeológicos para, em seguida, as informações de investigação consideradas no modelo EBIC. Agora, concluímos com a descrição básica do funcionamento na estimativa dos tempos envolvidos no gerenciamento de área contaminada.

Os dados analisados de 878 etapas de gerenciamento de áreas contaminadas (GAC), efetuadas até 2020 por 21 empresas diferentes sugere que a remediação ocorre em até 4 (quatro) anos, em média. Entretanto, devido à complexidade dos trabalhos de gerenciamento de áreas contaminadas e que muitas das remediações do dano reversível não ocorrerem de forma contínua, havendo hiatos de aguardo de decisões, entre uma etapa e outra, tendo como consequência, uma alta variância dos prazos.

A remoção da fonte de contaminação (tanques e linhas de combustível) e do solo contaminado (fase retida), usualmente ocorre em um período menor que 1 (um) mês. Já a fase livre, é removida em menos de 2 anos, em média. Quando a fase livre ocorre associado risco da fase vapor, a técnica com melhor eficiência foi a MPE (Sistema de Extração Multifásica), aplicada, em média, ao longo de 3 anos.

A remediação através da técnica Soil Vapor Extraction (SVE) e/ou Air Sparging (ASp) são as de melhor eficiência para a remoção da fase dissolvida associada com a fase vapor, sem a presença de fase livre, através de sua aplicação, em média, por 3 anos. A fase dissolvida sem risco associado da fase vapor, leva até 2 anos para ser remediado pela metodologia da Oxidação Química (ISCO) e/ou Atenuação Natural Monitorada (ANM).

A metodologia EBIC estima as atividades de investigação do dano reversível tendo por base informações da área fonte do contaminante, data da contaminação, direção preferencial e velocidade de fluxo subterrâneo. Efetua o cálculo do número de dispositivos de investigação (sondagens, poços, etc.), ensaio e coleta e analises de amostras considerando projeções de ocorrência do contaminante e dados estatísticos de investigações anteriores (Figura 1).

Figura 1 - Estimativa Baseada na Investigação Confirmatória - EBIC

Assim como as estimativas de investigação, a metodologia EBIC define o número de dispositivos necessário para a remediação em função de projeções de ocorrência do contaminante e dados estatísticos de investigações anteriores, sendo a eleição da tecnologia de remediação a ser aplicada, em função de um fluxo de decisão que considera as características de ocorrência do contaminante caracterizadas na IC.

Os prazos dos trabalhos de investigação e remediação do dano reversível são definidos, considerando prazos médios caracterizadas para cada situação, em função da associação de ações definidas com auxílio de fluxogramas de tomada de ação consideradas pelo modelo. Através de projetos reais acompanhados ao longo da pesquisa, o modelo foi calibrado e validado.

A aplicação do modelo EBIC em projetos desenvolvidos pela FREVO Ecoinovação e Sustentabilidade nos últimos anos indica uma boa coerência das atividades quantificadas com a prática do mercado, resultando em estimativas de custo e prazo necessário para o gerenciamento de áreas contaminadas, subsidiando a tomada de decisão em processos de fusões e aquisições, minimizando os riscos corporativos associados.

MÁRIO B. MARCELINO