O uso da geofísica no monitoramento de contaminantes

A aplicação da geofísica no monitoramento 4D dos contaminantes: sua ocorrência na área e ao longo do tempo

Mário Marcelino, Dr.

9/3/20252 min read

Geofísica, Sensoriamento Remoto e Modelagem 3D na Investigação e Monitoramento de Contaminações Ambientais

A contaminação do solo e da água subterrânea é um desafio crescente para a gestão ambiental. Identificar a extensão da pluma contaminante, compreender sua evolução no tempo e avaliar a eficácia de medidas de remediação são etapas fundamentais para proteger recursos hídricos e reduzir riscos à saúde humana. Nesse contexto, o uso integrado de métodos geofísicos, sensoriamento remoto e modelagem 3D se destaca como uma abordagem moderna, precisa e de menor impacto em campo.

Geofísica aplicada ao monitoramento de plumas de contaminação

Dois métodos geofísicos têm ganhado destaque: eletrorresistividade e GPR (Ground Penetrating Radar).

  • Eletrorresistividade

    • Baseia-se na medição da resistência elétrica do subsolo à passagem de corrente elétrica.

    • Áreas contaminadas geralmente apresentam anomalias de condutividade devido à presença de íons dissolvidos, metais pesados ou compostos químicos que reduzem a resistividade do meio.

    • Perfis de eletrorresistividade (2D) ou tomografias elétricas (3D) permitem mapear a extensão lateral e vertical da pluma, identificando zonas mais impactadas.

    • Campanhas repetidas ao longo do tempo possibilitam observar a migração da contaminação, indicando se ela está se expandindo, se estabilizando ou se reduzindo após medidas de remediação.

  • GPR (Radar de Penetração no Solo)

    • Utiliza ondas eletromagnéticas de alta frequência para gerar imagens do subsolo.

    • É extremamente útil na identificação de interfaces geológicas, zonas de saturação e anomalias associadas à presença de contaminantes.

    • No caso de hidrocarbonetos, por exemplo, o GPR detecta mudanças dielétricas entre camadas limpas e contaminadas.

    • Apesar de sua limitação em solos muito argilosos ou saturados, o GPR é eficiente para monitoramentos rápidos e detalhados em alta resolução, permitindo comparar variações espaciais e temporais da pluma.

Integração com sensoriamento remoto e modelagem 3D

Enquanto a geofísica atua no nível local e de subsuperfície, o sensoriamento remoto amplia a escala de análise, identificando alterações na vegetação, umidade e uso do solo que podem indicar impactos indiretos da contaminação.

A modelagem 3D consolida todos os dados — geofísicos, hidrogeológicos, químicos e de sensoriamento remoto — em representações digitais do aquífero contaminado. Isso permite:

  • Simular o comportamento futuro da pluma;

  • Avaliar cenários de risco para poços, rios e comunidades;

  • Testar virtualmente diferentes estratégias de remediação antes de aplicá-las em campo.

Benefícios da abordagem integrada

  • Maior precisão no diagnóstico sem depender apenas de sondagens e poços de monitoramento, que podem ser caros e restritos a pontos específicos.

  • Monitoramento temporal contínuo, essencial para avaliar a evolução da contaminação e o sucesso das técnicas de tratamento.

  • Redução de custos e menor impacto ambiental na fase de investigação.

  • Base científica robusta para apoiar decisões regulatórias e estratégicas.

Em resumo, o uso combinado da eletrorresistividade, GPR, sensoriamento remoto e modelagem 3D representa um avanço significativo na gestão ambiental. Essa abordagem não apenas identifica a presença da contaminação, mas também permite acompanhar sua evolução ao longo do tempo, fornecendo informações estratégicas para garantir a proteção dos recursos hídricos e a segurança das populações.