O licenciamento ambiental e o desenvolvimento sustentável
O licenciamento ambiental como motor da competitividade sustentável — e não como obstáculo ao desenvolvimento
Mário Marcelino, Dr.
10/29/20253 min read


O licenciamento ambiental como motor da competitividade sustentável — e não como obstáculo ao desenvolvimento
O licenciamento ambiental ainda é, para muitos, sinônimo de burocracia, demora e entrave ao desenvolvimento. Mas essa visão é cada vez mais ultrapassada. Quando bem estruturado, o licenciamento é justamente o instrumento que garante previsibilidade, segurança jurídica e sustentabilidade — três pilares indispensáveis à competitividade moderna.
Empreendimentos licenciados com qualidade não apenas evitam autuações e embargos: eles valorizam o ativo, atraem investidores e reduzem o risco financeiro e reputacional. O que antes era visto como “custo ambiental” passou a ser vantagem estratégica em um mercado cada vez mais orientado por critérios ESG.
⚙️ Licenciar bem é licenciar rápido e com qualidade
A experiência brasileira mostra que a morosidade no licenciamento não decorre do rigor ambiental, mas da falta de planejamento, integração e padronização entre órgãos e empreendedores.
Estados que modernizaram seus processos conseguiram reduzir prazos sem fragilizar a proteção ambiental.
📍 Exemplo de Minas Gerais: o sistema SLA (Sistema de Licenciamento Ambiental), baseado em classificação de risco e porte, reduziu o tempo médio de análise de licenças em mais de 40%. Empreendimentos de baixo impacto agora têm tramitação simplificada e digital, enquanto os de alto impacto recebem tratamento técnico detalhado — ou seja, foco onde realmente importa.
📍 Exemplo de Mato Grosso: o Licenciamento Digital Integrado (LIM) e a plataforma SIMLAM permitiram que todo o fluxo — do protocolo à emissão de licença — fosse automatizado, com integração entre dados geográficos, bases fundiárias e relatórios ambientais.
O resultado? Processos mais rápidos, maior transparência e redução de custos tanto para o empreendedor quanto para o órgão licenciador.
Essas iniciativas mostram que licenciar bem é licenciar de forma inteligente, com base em dados, tecnologia e planejamento.
🏗️ Desenvolvimento sustentável é o único desenvolvimento possível
No cenário atual, nenhum projeto relevante prospera sem confiança ambiental.
Investidores, seguradoras e fundos internacionais exigem garantias de que o empreendimento cumpre normas socioambientais.
Assim, o licenciamento deixa de ser um “filtro de impedimento” e passa a ser um selo de credibilidade, especialmente em setores como energia, mineração, saneamento e infraestrutura.
Além disso, o processo de licenciamento gera externalidades positivas:
Obriga o estudo aprofundado do território (hidrologia, fauna, flora, comunidades);
Promove mitigação e compensação ambiental planejadas;
Estimula inovação tecnológica (monitoramento remoto, controle de efluentes, reuso de água);
Favorece o diálogo social e a aceitação pública das obras.
Ou seja: o licenciamento não trava o desenvolvimento — ele garante que o desenvolvimento aconteça de forma duradoura e socialmente legítima.
💡 Caminhos para um licenciamento mais eficiente
Planejamento antecipado: incluir a variável ambiental na concepção do projeto, não apenas na fase final.
Digitalização e integração de dados: sistemas unificados e interoperáveis entre órgãos (ex.: SIMLAM, SLA, SILAM).
Classificação por risco: foco técnico em empreendimentos de maior impacto.
Capacitação técnica contínua: tanto de analistas quanto de consultores.
Transparência e comunicação social: consultas públicas acessíveis, linguagem clara e previsibilidade de prazos.
Esses elementos reduzem conflitos, agilizam decisões e fortalecem a confiança entre Estado, empresas e sociedade.
🌍 Conclusão — do “licenciamento punitivo” ao “licenciamento estratégico”
O licenciamento ambiental precisa ser entendido não como uma barreira, mas como um instrumento de governança e competitividade.
Empresas que dominam seus processos de licenciamento operam com mais segurança, acessam crédito mais barato e entregam obras com menos risco e mais legitimidade.
No século XXI, licenciar bem é competir melhor.
Quem enxerga o licenciamento como aliado, e não como obstáculo, está um passo à frente na construção de um futuro realmente sustentável.
📚 Referências e fontes
Lei nº 6.938/1981 — Política Nacional do Meio Ambiente
Resolução CONAMA 237/1997 — Licenciamento Ambiental
SEMAD-MG (2024) – Resultados do Sistema de Licenciamento Ambiental (SLA Digital)
Sema-MT (2023) – Sistema Integrado de Licenciamento Ambiental (SIMLAM)
OECD (2023) – Environmental Licensing as a Tool for Economic Competitiveness
IBAMA (2022) – Manual de boas práticas em licenciamento ambiental
Sustentabilidade
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