O ESG e a instabilidade política mundial

O discurso ESG e a instabilidade política brasileira e no contexto mundial

Mário Marcelino, Dr.

7/2/20254 min read

Quando ocorreu a percepção mundial com o meio ambiente a partir da década de 70, evoluímos com o conhecimento da interação Homem x Meio Ambiente X Qualidade de vida e chegamos “maduro” na Eco 92, no Rio de Janeiro, para discutir e obter uma legítima preocupação das ações da humanidade perante o meio de forma e plantar a necessidade do discurso ambiental, da importância de ações de preservação do meio ambiente para a Humanidade.

Esta importância é expressada pela letra "E" (ENVIRONMENT) do ESG.

Entretanto, o mercado financeiro e mundial, dominado por umas poucas pessoas e países, também evoluiu e acompanhou, atentamente, tais mudanças de comportamento das pessoas e perceberam o tema como uma grande oportunidade de negócio e de imposição de interesses econômicos próprios.

Na década de 90 eu já alertava como a implantação das leis ambientais como uma ferramenta de contenção do desenvolvimento dos países “emergentes” e de bloqueio ao livre comércio mundial. Afinal, não mais era possível o protecionismo de mercados através de tarifas e barreiras alfandegárias descaradas, apesar de muitas ainda permanecerem ou terem retornado. Qual a melhor barreira, então?

Hoje, a principal ferramenta de proteção ao comércio internacional aplicado pelos países é o meio ambiente!

No Entanto, para que o tema meio ambiente, ou a letra “E” pudesse ter a força para imposições econômicas e de bloqueio do comércio internacional, assim como, interferir na própria produção dos países, havia a necessidade do controle das entidades internacionais que representam os interesses econômicos. Assim, criou-se o sistema de controle das políticas públicas dos países e a fiscalização dos procedimentos de produção agrícola e industrial através da figura de uma governança de interesse ambiental, representada pela letra “G” (GOVERNANCE) do ESG.

Através da imposição de um sistema de governança com a imposição de regras variáveis conforme o país que queriam bloquear, foi criado meios de favorecer o monopólio dos grandes grupos econômicos com a imposição de regras que inviabilizam o pequeno e médio produtor, devido os altos custos associados ao cumprimento das regras. Uma forma de controle dos mercados internacionais foi implantado utilizando a preocupação ambiental legítima já consolidada na mente das pessoas.

Ressalta-se que o “G” pouco dá importância a corrupção e livre comércio, apenas foca no controle da produção frente ao meio ambiente. Também devemos destacar a relatividade das regras impostas, uma vez que países subdesenvolvidos, com muitas florestas, devem seguir regras mais rigorosas que países desenvolvidos e ricos, com poucas florestas “de pé”, apesar da lógica indicar uma necessidade diferente, que os países que já tinham desmatado tudo, deveriam recuperar o meio ambiente devastado com o dinheiro que eles acumularam com a destruição do meio ambiente.

Bem, já tinha sido formatado a preocupação do meio ambiente e o controle dos mercados internacionais e dos países emergentes através das políticas ambientais e da governança. Agora, faltava controlar os povos destes países, para que ocorra o controle total e absoluto e imposição das regras de interesse dos grandes grupos econômicos.

Assim, surge o “S” de SOCIAL do ESG.

E, para melhor controlar povos (grande número de pessoas), destrua sua união e percepção de país. Assim, começa a ser exportada a cultura de uma geração fraca e limitada, originada na bonança dos países ricos, sem preocupações reais e objetivo de vida com base no trabalho e costumes sociais tradicionais . É massificada a ideia do individualismo em detrimento da família e sociedade, descarta-se a meritocracia e favorece seres humanos desconexos com a realidade da evolução da sociedade. Minorias são impostas perante a maioria e, pela força de lei e o medo que ser acusado de ser contra o meio ambiente e o ser humano, a maioria é calada.

Entretanto, esta “revolução cultural” do ocidente não é previamente comunicada e combinada com o oriente e, assim, um novo player ingressa no sistema para, através do discurso “S”, impor sua própria revolução e visão “diferenciada”, favorecendo a desestabilização política e religiosa no mundo.

Hoje vivemos em um mundo desequilibrado, com discurso sem consistência baseado na repetição de gritos contra os “ismos”, seja para governar, invadir países vizinhos ou para se manter no poder. Quando iniciamos os discursos ambientais na década de 80 / 90, tínhamos como primeira preocupação gerar a consciência da necessidade, uma preocupação real.

Lamentavelmente a ditadura do ESG impõe agendas contrárias ao próprio povo e impede discussões sérias sobre o tema.

Assim, apesar do ESG ter nascido de uma real preocupação ambiental e social, sua implantação de forma impositiva em execução pelo governo brasileiro, conforme diretrizes de governos estrangeiros sem considerar aspectos territoriais e culturais brasileiros, assim como seus interesses como país, representa sério risco à economia brasileira e representará uma concentração de poder produtivo nas mãos de poucos grupos produtivos.

Regredimos e não percebemos, pois teremos a COP30 em Belém, uma das piores cidades do mundo em saneamento básico, a devastação do meio ambiente e extermínio de pessoas na Ucrânia e nada se fala. Poucos países, maiores poluidores do mundo, se sentem no direito de impedir a população dos países subdesenvolvidos de obterem uma melhor qualidade de vida através do discurso do meio ambiente.