MINERAÇÃO DE AREIA - Parte III
A importância econômica no mineral "areia"
Mário Marcelino, Dr.
7/31/20253 min read


A Importância Econômica do Mineral “Areia”
Com o crescimento das cidades brasileiras — especialmente da Região Metropolitana de São Paulo — observa-se uma crescente demanda por areia, insumo essencial na construção civil. Este aumento está diretamente relacionado à expansão urbana, ao investimento em obras públicas e privadas, e ao próprio crescimento populacional.
O Mercado de Agregados
A areia integra o grupo dos materiais agregados (areia, brita, cascalho e argila), essenciais para obras de infraestrutura. Contudo, o mercado de agregados no Brasil ainda carece de transparência devido à elevada informalidade e clandestinidade, que distorcem os dados oficiais. Estima-se que a produção real de areia seja até quatro vezes maior que a registrada oficialmente.
Segundo dados da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção (ANEpac), em 2022 o Brasil produziu cerca de 640 milhões de toneladas de agregados, sendo 374 milhões de toneladas de areia e 266 milhões de brita. A produção estimada em 2023 se manteve em patamar semelhante, acompanhando a recuperação gradual do setor de construção civil pós-pandemia.
O faturamento bruto do setor de mineração de areia e pedra atingiu R$ 21,4 bilhões em 2022, com estimativa de ultrapassar R$ 23 bilhões em 2023. O mercado ilegal, por sua vez, continua robusto e movimenta cerca de R$ 13 a 15 bilhões por ano, dificultando a fiscalização e prejudicando a sustentabilidade ambiental e econômica do setor.
Empregos e Produtividade
Segundo a FIESP, em 2022 o setor empregava cerca de 67 mil pessoas, com tendência de alta em 2023, impulsionada por obras de infraestrutura e programas de habitação como o “Minha Casa, Minha Vida”. No entanto, o número ainda está abaixo do pico de 71 mil empregos diretos registrados em 2014.
A produtividade da mão de obra tem crescido moderadamente, com ganhos médios de 0,3 a 0,6% ao ano entre 2013 e 2022. Durante o período de boom da construção (2007–2013), esse crescimento era de até 6,8% ao ano.
Utilizações da Areia
A areia para construção civil tem como principais usos:
Produção de concreto: principal destino, correspondendo a cerca de 45% do consumo;
Formulação de argamassas: representa aproximadamente 50 a 60% do uso total;
Outras aplicações (5%): fabricação de blocos, tubos, pré-moldados, filtros de água, sistemas de drenagem, tratamento de efluentes e uso industrial (areia quartzosa para vidros, fundição, abrasivos, etc.).
Na Região Metropolitana de São Paulo, entre 20 a 30% do concreto é produzido em centrais especializadas; o restante é "virado" diretamente nas obras. Em outras regiões do país, esse índice de produção centralizada é ainda menor (menos de 10%), reforçando a importância da logística e da qualidade da areia.
Estrutura do Setor
O setor se divide entre:
Empresas formalizadas e de maior porte, com produção superior a 80 mil m³/ano, geralmente organizadas e regulares.
Pequenos empreendimentos familiares, muitos de origem portuguesa, espanhola e italiana, com produção inferior a 30 mil m³/ano, muitas vezes atuando de forma irregular ou clandestina.
A informalidade é favorecida por:
Métodos simples de extração;
Baixo investimento inicial;
Pouca exigência técnica quanto ao produto final;
Fiscalização insuficiente e falta de regularização ambiental.
Essas características tornam o setor altamente competitivo e sujeito a entrada e saída frequente de operadores, o que pressiona os preços e desorganiza o mercado.
Logística e Preço da Areia
O preço da areia depende principalmente da distância até os centros consumidores. Por ser um material de baixo valor unitário, o custo do transporte tem forte impacto no preço final — agravado pelas flutuações do diesel e pelos gargalos logísticos urbanos.
Por isso, muitos produtores buscam garantir o abastecimento futuro bloqueando áreas de exploração próximas aos centros urbanos, o que cria barreiras de entrada para novas empresas e acirra a concorrência.
Considerações Finais
A areia é um recurso estratégico para o desenvolvimento urbano e a infraestrutura nacional. Apesar de sua abundância relativa, os impactos ambientais da extração, somados à informalidade e exploração predatória, exigem regulação, monitoramento e políticas públicas eficazes.
Além disso, a dependência da construção civil torna o mercado de areia altamente cíclico. Para garantir o desenvolvimento sustentável do setor, é fundamental:
Regularizar e fiscalizar empreendimentos clandestinos;
Incentivar práticas de extração ambientalmente responsáveis;
Melhorar a infraestrutura logística;
Investir em alternativas tecnológicas, como o reaproveitamento de resíduos de construção e demolição (RCD) como substituto parcial da areia natural.
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