Fluxo da água subterrânea: saiba como funciona!
Entenda como funciona a dinâmica da água subterrânea no subsolo.
Mário Marcelino, Dr.
7/23/20252 min read


Você conhece a dinâmica da água subterrânea?
A água subterrânea está presente nos espaços vazios das rochas e sedimentos, ocupando os poros entre os grãos (em rochas sedimentares) ou as falhas e fraturas nas rochas localizadas abaixo da superfície da Terra. Sua movimentação é determinada pelo gradiente hidráulico, fluindo normalmente das áreas de recarga – onde a água infiltra no subsolo – até os pontos de descarga, que podem ser rios, nascentes ou mesmo o mar.
Compreender os padrões de fluxo da água subterrânea é fundamental para a gestão dos recursos hídricos, para a hidrogeologia e para estudos ambientais em geral.
As áreas de recarga são regiões permeáveis onde a água da chuva penetra no solo e abastece os sistemas aquíferos. Elas estão situadas, em geral, em locais topograficamente mais elevados, onde a água infiltra verticalmente pela ação da gravidade até alcançar o nível freático, ou seja, a zona saturada.
Quanto maior a cobertura vegetal nessas áreas de recarga, maior será a infiltração e, consequentemente, a recarga dos aquíferos. Por isso, é essencial preservar a vegetação nos topos de morros, montanhas e em toda a área de recarga. Além disso, como essas regiões funcionam como áreas de infiltração, é necessário um planejamento adequado do uso do solo, evitando a instalação de atividades que possam contaminar os aquíferos, como lixões ou fontes potenciais de poluição.
Assim como observamos na superfície, a água subterrânea flui dos pontos de maior carga hidráulica (altitudes mais elevadas) para pontos de menor carga hidráulica (altitudes mais baixas). Por isso, de maneira geral, a tendência é que toda a água subterrânea siga em direção ao mar, sofrendo variações locais de acordo com o relevo e a presença de corpos d’água superficiais.
As áreas onde a água subterrânea retorna à superfície, seja devido à topografia ou à pressão ascendente, são chamadas de áreas de descarga. Elas estão associadas à presença de rios, lagos ou terrenos permanentemente úmidos.
Você já se perguntou por que, mesmo durante períodos sem chuva, rios e lagos não secam completamente? Isso ocorre porque eles são alimentados pela água subterrânea que aflora nesses locais, contribuindo, em média, com 30% ou mais do volume total de água superficial – valor que varia de acordo com as condições locais e hidráulicas.
Mas qual é a velocidade de fluxo da água subterrânea? Enquanto a água superficial possui velocidades consideráveis, podendo percorrer metros ou até quilômetros por hora, a água subterrânea se move muito lentamente, avançando apenas alguns metros por ano. Seu caminho de fluxo pode ser local, quando a água infiltra no topo de um morro e aflora poucos dias depois no fundo do vale, formando córregos ou nascentes. Mas também pode ser regional, percorrendo trajetos que levam décadas, séculos ou até milhares de anos.
Sim, existem águas subterrâneas que estão armazenadas no subsolo há milhares de anos – algumas datam da época dos dinossauros!
Como curiosidade, quando eu era estudante, participei de um projeto de pesquisa que datou a água do Aquífero Guarani em São Paulo. A área de recarga fica na região de Botucatu, enquanto a principal área de descarga está no Rio Paraná, no Pontal do Paranapanema, a cerca de 300 km de distância. Os resultados indicaram que a água leva, em média, 30.000 anos para percorrer todo esse trajeto
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