Contabilidade de passivo ambiental

A contabilidade do passivo ambiental e a metodologia EBIC como solução estratégica

Mário Marcelino, Dr.

11/5/20253 min read

A contabilidade do passivo ambiental e a metodologia EBIC como solução estratégica

A mensuração e o registro do passivo ambiental ainda representam um dos maiores desafios da contabilidade moderna. A dificuldade de antecipar custos de remediação, a ausência de parâmetros objetivos e a complexidade técnica dos diagnósticos ambientais tornam o tema uma área “desconhecida” para muitos gestores. Soma-se a isso a natureza incerta dessas obrigações — dependentes de fatores jurídicos, geológicos e temporais — e o fato de que, até recentemente, a contabilidade tradicional carecia de instrumentos técnicos capazes de oferecer base sólida para estimativas confiáveis. O resultado é a subavaliação ou o não reconhecimento de passivos relevantes, o que distorce balanços, compromete auditorias e afeta o valor real de empresas, especialmente em operações de fusão e aquisição.

Do ponto de vista legal, o reconhecimento e a contabilização do passivo ambiental são sustentados por normas nacionais e internacionais. No Brasil, a Lei nº 6.938/1981 (Política Nacional do Meio Ambiente) e a Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) estabelecem a responsabilidade objetiva e solidária pelo dano ambiental, reforçada pelo art. 225 da Constituição Federal. Assim, quem adquire uma área ou empreendimento assume integralmente as obrigações ambientais a ele associadas. Contabilmente, o CPC 25 (Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes), alinhado ao IAS 37, determina que toda obrigação presente com estimativa de dispêndio provável e mensurável deve ser reconhecida no passivo da empresa. Além disso, as normas internacionais de sustentabilidade e reporte — como a IFRS S2 (Sustainability Disclosures) e diretrizes da ISO 14001 — reforçam a necessidade de transparência e rastreabilidade na gestão ambiental e financeira.

Entretanto, mesmo com o avanço normativo, o principal gargalo continua sendo a valoração técnica e econômica dos passivos ambientais, tarefa que exige integrar informações geológicas, químicas, jurídicas e financeiras. É nesse ponto que surge uma solução inovadora: a metodologia EBIC (Environmental Baseline and Impact Characterization), desenvolvida pela FREVO Ecoinovação, que vem preenchendo a lacuna entre a contabilidade tradicional e a realidade técnica dos impactos ambientais. O EBIC combina levantamentos geofísicos, geoquímicos e hidrogeológicos, modelagem espacial e análise econômica integrada, permitindo caracterizar e quantificar passivos ambientais com precisão e confiabilidade técnica — algo essencial para o registro contábil, o planejamento financeiro e a due diligence ambiental.

O método EBIC segue uma estrutura padronizada e auditável em três etapas principais: (1) levantamento histórico e documental, que identifica potenciais áreas de risco e obrigações ambientais herdadas; (2) modelagem técnica e valoração econômica, que converte impactos identificados em valores financeiros ajustados a prazos, custos e probabilidades; e (3) emissão de parecer técnico e relatório executivo, com análise de risco e recomendações estratégicas para contabilidade, compliance e M&A. Essa abordagem fornece um diagnóstico ambiental de alta resolução, que sustenta a provisão contábil conforme o CPC 25, alimenta cenários de fluxo de caixa e dá suporte às decisões de investimento.

Nos processos de fusão, aquisição e incorporação, o EBIC tem papel determinante. Casos recentes no Brasil e no exterior mostraram que a ausência de uma due diligence ambiental robusta pode gerar custos milionários de remediação, sanções administrativas e perda de valor do ativo adquirido. Ao aplicar a metodologia EBIC, empresas e fundos de investimento conseguem mapear passivos ocultos, quantificar riscos, ajustar o valuation e negociar preços com base técnica e jurídica sólida, reduzindo incertezas e prevenindo prejuízos futuros. O método transforma o risco ambiental — antes imponderável — em informação quantificável e estratégica, permitindo que gestores, contadores e investidores atuem com segurança e transparência.

Além dos ganhos técnicos e financeiros, o uso do EBIC fortalece o posicionamento de mercado e as credenciais ESG das organizações. Ao demonstrar capacidade de identificar e contabilizar passivos ambientais de forma precisa, a empresa reforça sua imagem perante investidores, auditores e o público, cumprindo padrões de governança e sustentabilidade reconhecidos internacionalmente. O resultado é uma vantagem competitiva tangível: decisões empresariais sustentáveis, juridicamente seguras e financeiramente inteligentes, onde o risco ambiental deixa de ser um obstáculo e passa a ser um componente mensurável e controlável da estratégia corporativa