Ciclo hidrogeológico
Conceitos básicos e considerações gerais
Mário Marcelino, Dr.
8/20/20254 min read


HIDROGEOLOGIA: O CICLO DA ÁGUA (CICLO HIDROLÓGICO)
INTRODUÇÃO
Toda a água que cai na superfície da Terra está inteiramente ligada ao ciclo hidrológico, que atua na dinâmica externa do planeta, movido pela energia solar. A hidrogeologia, ramo da geologia, estuda a distribuição, o movimento e a qualidade da água subterrânea na crosta terrestre, sendo o ciclo da água seu conceito central. Este ciclo explica como a água circula continuamente pela atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera.
A água é fundamental para a vida e constitui um recurso limitado, com grande valor econômico. Sua importância vai além da sobrevivência humana, sendo essencial para o desenvolvimento de todas as atividades produtivas, devendo-se assegurar seus múltiplos usos: agropecuária (principalmente irrigação), geração de energia elétrica, produção industrial, diluição de efluentes domésticos e industriais, transporte fluvial e manutenção das condições ecológicas e ambientais.
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NA TERRA
A água é finita, com volume fixo e distribuição heterogênea. A maior parte está nos oceanos (97,5%), não potável por ser salgada. Apenas 2,5% corresponde à água doce. Destes 2,5%, 68,9% estão nas calotas polares, 29,7% nos sistemas aquíferos (águas subterrâneas), 0,5% nos rios e lagos e 0,9% em outros reservatórios (nuvens, vapor d’água, etc.).
Os seres vivos também armazenam água. No corpo de um adulto, cerca de 60% da massa corporal é água, podendo variar entre 45 e 75%, dependendo da idade e sexo. Um homem médio de 70 kg possui 42 litros de água no corpo, sendo 28 litros dentro das células, 10,5 litros no espaço extracelular e 3,5 litros (aproximadamente 8%) no sangue. Por isso, é essencial ingerir cerca de 2 litros de água por dia para manter a saúde. Após o oxigênio, a falta de água é a ameaça mais imediata à vida.
CONCEITO BÁSICO DO CICLO DA ÁGUA
O ciclo da água é o processo contínuo pelo qual a água se move entre diferentes reservatórios, incluindo oceanos, rios, lagos, geleiras, umidade do solo, águas subterrâneas e a atmosfera. Envolve processos como evaporação, transpiração, condensação, precipitação, infiltração, percolação, escoamento superficial e fluxo subterrâneo.
Evaporação e transpiração (evapotranspiração): A evaporação transforma água líquida em vapor, enquanto a transpiração ocorre quando plantas liberam vapor d’água. São essenciais para o acúmulo de umidade atmosférica e regulação do clima.
Condensação e formação de nuvens: O vapor d’água que sobe para regiões mais frias condensa-se, formando nuvens e preparando a precipitação.
Precipitação: Retorno da água atmosférica à superfície na forma de chuva, neve, granizo ou garoa, reabastecendo rios, lagos e aquíferos.
Infiltração e percolação: Parte da precipitação penetra no solo, percola para camadas mais profundas e recarrega os aquíferos, controlada pela permeabilidade do solo, vegetação, uso da terra e clima.
Escoamento superficial: Água que não infiltra corre sobre a superfície, alcançando rios, lagos e oceanos, influenciada por topografia, cobertura vegetal e intensidade da chuva. Excesso de escoamento pode causar enchentes, enquanto infiltração insuficiente reduz a recarga de aquíferos.
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
A água subterrânea é a maior fonte de água nos continentes e é explorada através de poços de captação. Por exemplo, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), existem cerca de 10.000 poços tubulares, extraindo mais de 203 milhões de m³/ano, cerca de 25% da disponibilidade regional.
A água subterrânea pode ser armazenada em dois tipos de aquíferos:
Aquíferos porosos: Rochas sedimentares como areias e argilas.
Aquíferos fissurais: Rochas cristalinas como granitos e gnaisses, fissuradas ou fraturadas.
O armazenamento e o fluxo dependem de porosidade (quantidade de espaços vazios) e permeabilidade (grau de comunicação entre esses espaços).
REGULAMENTAÇÃO E PERFURAÇÃO DE POÇOS
A perfuração e operação de poços tubulares profundos é regulamentada pelo DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo). É necessária a obtenção de outorga, que autoriza a perfuração, avalia o projeto, concede o direito de uso e protege contra conflitos futuros.
A licença deve ser executada por geólogo e inclui informações cadastrais, geologia, hidrogeologia, dados construtivos do poço, análises físico-químicas e bacteriológicas da água, quantidades e período de exploração, mapa topográfico e RAE (Relatório de Avaliação de Eficiência), incluindo fluxograma de utilização da água.
Empresas como a FREVO realizam avaliação hidrogeológica prévia, analisando disponibilidade e riscos do projeto, auxiliando na tomada de decisões, contratação de serviços e gerenciamento do uso de recursos hídricos subterrâneos.
BALANÇO HÍDRICO E IMPACTO HUMANO
O balanço hídrico relaciona entrada (precipitação), armazenamento (superficial e subterrâneo) e saída (evapotranspiração e escoamento). A compreensão desse balanço é essencial para manejo de recursos, previsão de secas e planejamento agrícola.
Atividades humanas impactam significativamente o ciclo:
Urbanização: Reduz infiltração, aumenta escoamento e risco de enchentes.
Desmatamento: Diminui evapotranspiração, alterando o clima regional.
Extração excessiva de águas subterrâneas: Causa esgotamento de aquíferos, subsidência do solo e intrusão salina em áreas costeiras.
TECNOLOGIAS MODERNAS NO ESTUDO DO CICLO DA ÁGUA
Avanços tecnológicos permitem monitorar e gerir melhor o ciclo da água:
Sensoriamento remoto e imagens de satélite monitoram chuva, armazenamento e evapotranspiração.
SIG analisa dados espaciais de distribuição da água e sistemas aquíferos.
Softwares de modelagem preveem comportamento de aquíferos sob cenários climáticos e humanos.
Hidrogeologia isotópica permite rastrear origem e idade da água subterrânea.
APLICAÇÕES PRÁTICAS DA HIDROGEOLOGIA
Abastecimento de água: Extração sustentável para usos domésticos, industriais e agrícolas.
Agricultura: Planejamento de irrigação, evitando alagamentos e salinização.
Proteção ambiental: Gestão de contaminação em aterros, indústrias e vazamentos de óleo.
Mudanças climáticas: Monitoramento do ciclo da água auxilia na previsão de secas e enchentes.
Engenharia: Estudos hidrogeológicos são essenciais na construção de barragens, túneis, rodovias e minas.
CONCLUSÃO
O estudo da hidrogeologia e do ciclo da água permite compreender como a água circula e sustenta a vida na Terra, conectando sistemas superficiais e subterrâneos e integrando processos atmosféricos, geológicos e biológicos.
Com tecnologias modernas e gestão adequada, é possível garantir segurança hídrica, proteger ecossistemas e enfrentar os desafios das mudanças climáticas. Para estudantes de geologia, dominar esse tema é fundamental, unindo teoria, campo e aplicações práticas para resolver problemas reais relacionados à água.
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